Correr para Vencer
Açores. Junho. 2021
Tinha acabado de prolongar uma viagem de trabalho aos Açores para poder descansar e meditar. Recordo-me de ter dito, na noite anterior, á colega de trabalho que me acompanhou nessa missão empresarial:
Num cenário idílico para me deixar inspirar (a magia de uma ilha no meio do Oceano Atlântico é indescritível) impus-me a mim mesmo, nesse “break”, apenas duas coisas: fazer yoga todos os dias e ler a autobiografia do Phill Knight, fundador da Nike! As contas eram por isso fáceis de fazer: 400 páginas a dividir por 4 davam 100 páginas por dia!
Biografias de qualidade, bem escritas, sobre grandes empreendedores, são absolutamente viciantes. Além disso são normalmente inspiradoras e marcam-me sempre de alguma forma.
No caso concreto, foram sobretudo dois os momentos que não esquecerei:
Quase 15 anos depois de ser fundada, a Nike continuava ainda a lutar para pagar ordenados. Tinham um modelo de negócio arriscado – de pôr os cabelos em pé a qualquer professor de economia – mas tinham no DNA formas criativas para encontrarem soluções.
Num ano de enormes dificuldades para tantas empresas, foi libertador perceber (uma vez mais!?!) que encontrar soluções para, por vezes, pagar ordenados são daquelas histórias divertidas que um dia vamos contar. São esses os momentos em que nos tornamos mais criativos e no qual o nosso espírito de sobrevivência vem ao de cima.
E por isso lembrei-me do dia em que vendi o carro para pagar ordenados.
Ou do dia em que fizemos um cash-advance.
Ou do dia em que fechamos um negócio com desconto, desde que o pagamento fosse a pronto.
Ou do dia em que tive de fazer suprimentos. Ou dos dias.
Mas esses também são os dias em que podes sempre fazer o teu treino no final da tarde e transpirares tudo isso ao som da tua música. E sorrir.
Curiosamente, ter dificuldades em pagar ordenados só acontece a quem tem de pagar ordenados. E isso só por si é incrível para quem sonha em empreender.
Na verdade, se, com 18 anos (quando já sonhava em ser empresário) me dissessem que eu um dia iria ter dificuldades em pagar ordenados provavelmente iria sentir-me orgulhoso: WOW, vou mesmo ter uma empresa!!!
E na verdade isto serve para tudo; ou pelo menos serve para todos os momentos difíceis.
Visto em perspetiva, seria incrível não!?!
Porque um cliente insatisfeito não deixa de ser um cliente.
Mas a parte mais marcante (e pessoalmente emocionante) foi constatar que grande parte da diversão e quase todas as históriazonas do arco da velha que ficam para contar, desaparecem no preciso momento em que a Nike entra em bolsa!
O Phill Knight torna-se milionário de um dia para o outro (literalmente), o dinheiro deixa de ser um problema para a empresa, mas fica-me a sensação que todos aqueles que se envolveram no crescimento da empresa, após ficarem milionários, dariam todo esse dinheiro de volta para voltarem a VIVER.
O climax do sucesso torna-se, ao mesmo tempo, o canto do cisne, o que nos faz perceber algo que na verdade sabemos mas que ás vezes nos esquecemos: a parte mais absurdamente incrível, mais barbaramente aventureira, mais vivida e especial de todas é mesmo o CAMINHO.
Não o momento em que te tornas milionário.

Um dia vi um cartoon que nunca mais esquecerei: Na margem de um rio, Charlie Brown diz profeticamente para Snoopy: “um dia todos vamos morrer”, ao que o seu velho companheiro responde: “Verdade; mas em todos os outros dias não!”
Este é mesmo o momento mais importante da nossa vida.
Um dia quando alcançarmos tudo aquilo que desejamos hoje, vamos muito provavelmente sentir falta da adrenalina e da forma jovial como o percurso foi feito.
Um dia quando o dinheiro não for de todo um problema, muito provavelmente abdicaríamos de tudo para voltar ao momento no qual estamos agora: momentos cheios de histórias de vida, momentos desafiantes, e momentos ainda rodeados pelas pessoas que mais amamos e repletos de sonhos e com ilusão de que tudo será ainda possível.
Muito seguramente no dia em que atingirmos o cume da montanha, estaremos muito mais perto do fim do que do início da nossa grande viagem.
E na verdade não existe nada mais excitante do que arrancarmos com amigos sem destino, num velho carro e com pouco dinheiro nos bolsos, para uma viagem, com a sensação de sermos imortais.

Lifestyle
Li o livro Correr para Vencer num spot absolutamente mágico na ilha de São Miguel: SUL – Vilas & Spa
Um espaço com pinta e muito bem decorado, e que além disso usufrui das 3 coisas mais importantes no imobiliário: Localização, Localização e Localização!
Ali é difícil ver mais do que as tonalidades do céu e do oceano. Bárbaro

Momento Crypto
Hoje junto duas paixões num só tema: tecnologia blockchain e imobiliário.
Parece incrível não parece? Mas é verdade!
O projecto Decentraland (MANA) é uma plataforma de realidade virtual (na rede blockchain Ethereum) que permite aos usuários comprar terrenos que podem depois construir, monetizar ou mesmo vender.
O que é que torna este projecto descentralizado, único?
No total, o mundo metaverso da Decentraland é dividido em 90.601 lotes individuais de terreno, cada um com exatamente 256 metros quadrados. Grande parte deles ainda estão á venda.
Tal como no imobiliário “real” (?) já existem no entanto bairros da moda a preços proibitivos. E depois existem os long shots: áreas menos procuradas, mais nas periferias, onde os terrenos ainda são baratos e quem sabe no futuro se desenvolverão e valorizarão
Gucci, HSBC, PwC, JP Morgan e Samsung são apenas alguns exemplos de empresas que já compraram lotes e que têm vindo a desenvolver o seu espaço virtual.
O que é que estas e outras empresas estão a fazer no metaverso? A construir o futuro.
A semana passada (de férias) aproveitei um momento incrível para explicar a um amigo meu o que era o metaverso.
No final de um jantar de amigos na costa vicentina, quando os adultos já tomavam café, as 4 crianças do grupo, cada uma com o seu telemóvel, estavam absolutamente “coladas” a um jogo. Nesse momento o meu amigo comentou-me: Já viste, agora já nem falam uns com os outros!! Têm amigos ao lado mas cada um está no seu mundo.
Ao que eu respondi: eles estão a divertir-se!. Só que não estão aqui; estão a divertir-se juntos algures no metaverso.

Momento de arte
Museus, galerias ou ateliers.
Exposições, instalações, ou projectos criativos.
Espaços arquitectónicos, Art districts ou colecções privadas
Ruas urbanas e cidades cosmopolitas.
Arte moderna e contemporânea.
Consumir arte é uma das minhas maiores fontes de inspiração. Ponto.

Som da semana
Esta semana andei colado numa faixa: Innerbloom dos Rufus du Sol
Para quem não tem tempo para ouvir o set todo, então mais vale procurar pela mesma música mas na versão radio edit. De bater mal.
Nota final: Tal como nas músicas do spotify, se curtiste esta edição da OUT!, faz LIKE e partilha.
See you next week.