Nunca te distraias da vida
Ainda me lembro de me sentir imortal.
Existiam os coletes á prova de bala
Os casacos á prova de água
E depois o meu corpo á prova de morte.
Uma sensação ingénua e poderosa.
Na qual tudo era possível.
Uma vida aos meus pés.
Depois a própria vida vai-te dando uns alertas.
Tipo notificações.
Primeiro morre a tua tia-avó
Depois a vizinha do lado.
E vamos fazendo snooze
Algo como, penso nisso depois.
Surge então o dia em que algo bate a sério
E tu choras.
Choras a perda mas a vida continua.
Porque foi uma perda.
Porque foi uma tragédia
Porque é a vida.
Mas tu não.
Tu não vais morrer.
Só que as notificações continuam
Uma doença prolongada
Um autocarro descontrolado.
Um simples passo em falso.
Não queres acreditar.
Ficas atónito
Mas não bate suficientemente forte.
Os anos vão passando.
E porque os anos continuam a passar,
Sentes que irão passar sempre
Porque a vida é longa.
Aos poucos no entanto
Percebes que existem dias em que já não te sentes imortal
Mas continuas a sentir-te indestrutível.
Mas porque já não te sentes imortal,
não quer dizer que já te sintas mortal.
Pelo menos comigo não foi assim.
Não queres acreditar na lógica da matemática
Assumes um limbo no intermédio.
Como que vives num paradoxo.
O teu próprio paradoxo
Um dia, que não sabes bem qual, algo muda
Deixas de sentir que tens um recurso ilimitado
E passas a ter a noção que o recurso terá limites.
A vida normalmente ganha mais sentido
Ou pelo menos é aí que procuras o sentido da vida.
Começas a sentir um sentido de urgência.
Porque se o recurso é limitado, não o queres desperdiçar.
Mais do que isso,
Se o recurso é limitado, queres usá-lo da melhor maneira.
E começas uma busca incessante pelo sentido.
Algo como a tua missão de vida
Porque se isto um dia acaba, mais vale que tenha valido a pena

O poder da Perspectiva.
No meio de tantas notificações
Lá acabas por perceber que és mortal.
Obviamente que és muito diferente dos outros
E sem dúvida alguma muito mais especial.
Mas não especial o suficiente para teres um final distinto.
Aquele em que o coração pára.
E o privilégio de viver termina.
Entre perceber que era mortal e sentir que podia morrer amanhã foi um passo.
Um pequeno passo
Ainda que epifânico.
Mas para mim até hoje o mais importante.
Já não precisas de ser notificado para caíres na real.
Porque é mesmo verdade.
E é mesmo verdade todos os dias.
Podes ainda não ter descoberto o teu sentido de vida.
Mas a vida ganha logo mais sentido.
Sentes-te um privilegiado.
Não queres perder um sorriso.
Nem um bom dia.
Deixas de ter vergonha de coisas que não envergonham ninguém.
A opinião dos outros fazem muito menos sentido.
Porque tu tens uma vida
E os outros têm outra.
Deixas de te preocupar com muita coisa e uma delas é o dinheiro.
E muitas vezes é aí que o dinheiro deixa de ser um problema.
E chega em abundância
Porque relativizas e não lhe dás tanta importância
O dinheiro é como muitas pessoas.
Deixas de lhe dar atenção e vais ver como te começam a procurar.
Porque muitas vezes quando lhes dás demasiada atenção
Não te valorizam o suficiente para virem ter contigo.
E isto vale para quase tudo.
Empresarialmente é mais ou menos o mesmo.
Costumo dizer que:
A melhor forma de te preocupares com a concorrência.
é não te preocupares com a concorrência.

Amanhã posso morrer.
Mas não penso nisso.
Mas também não me esqueço.
Os dias tornam-se muito mais power com essa sensação.
Porque o recurso é finito.
E não é preciso tirar um curso de economia
Para saberes que um recurso limitado tem mais valor.
E quanto mais limitado, mais valor tem.
Torna-se precioso.
Tipo ouro.
Porque raro.
Tiro por isso mais prazer de tudo.
De chegar á outglocal todos os dias
De um encontro com um amigo.
De um telefonema com os meus pais.
De adormecer a minha filha.
De simplesmente respirar.
O título desta edição foi roubado. De um livro.
Nunca te distraias da vida.
Li o livro um dia antes do autor, o Manuel Forjaz, morrer.
Daquelas rasteiras com nome de cancro.
No livro o Manuel dizia:
O verdadeiro sentido da vida é sermos honestos connosco próprios e percebermos aquilo que nos faz felizes.

Onde é que estavas quando o teu lado espiritual despertou?
Quando era pequeno, era comum, entre os adultos, a pergunta:
Onde é que estavas no 25 de Abril?
Hoje essa expressão não faz já quase sentido.
Nos dias de hoje seria algo como:
Onde é que estavas no 11 de Setembro?
Ou, com quem viste Portugal ser Campeão da Europa?.
Existem momentos que ninguém se esquece
Por isso lembramo-nos, normalmente, “onde” estávamos.
Lembramo-nos com quem estávamos.
Existem porém perguntas bem mais complexas;
com respostas bem mais difíceis
ou no limite difusas.
Não me recordo desse momento.
Desse tal da pergunta de hoje.
Sei que foi há algum tempo.
Sei que foi depois dos trinta.
Sei que nesse ano o sporting não foi campeão.
Talvez tenha sido na primeira vez que uma Meditação “bateu” a sério.
Talvez quando descobri o yoga.
Talvez.
Muitos “talvez”
Poucas certezas.
Tudo difuso.
Certo, certo, é que depois desse despertar, não mais parei de procurar.
De pesquisar.
De revolver.
Por dentro e por fora
Mas mais dentro do que fora.
Porque esse despertar faz-te perceber que as respostas estão em ti
E nunca mais parei.
Por vezes numa busca incessante;
Obsessiva
Noutras simplesmente contemplativa.
Sempre na busca do equilíbrio;
da minha missão de vida;
Da minha paz interior.
Nessa busca tenho descoberto energias,
Descobri o poder do Universo.
Mas continuo a achar que encontrei bem menos respostas do que as perguntas que tenho.
Mas também isso está bem.
Porque aprendi que tudo está sempre bem.
Mas porque sou brutalmente persistente,
e profundamente convicto,
sei que mais respostas virão já aí…
a cada passo.
Porque o importante é mesmo o caminho
Até lá, e como diz um provérbio Zen Budista:
Medita 20 min por dia.
Se não tens tempo para meditar 20 minutos por dia,
Medita uma hora.

Imobiliário
Upper East Side ou como devemos olhar para as cidades e compreender o seu crescimento!
A melhor forma de ganhares dinheiro com o imobiliário é perceberes o crescimento das cidades.
Entenderes os fluxos das pessoas
Os fluxos de energia
A orgânica da expansão.
Quando em 2018 decidi que iria necessitar de comprar um novo espaço para a outglocal comecei a visitar espaços
Em média dois por semana.
No centro
Nos arredores
Normalmente aproveitava as minhas caminhadas
Ou os meus passeios de bicicleta
Sempre que via algo á venda tirava uma foto.
Tinha mais fotos a dizer “vende-se” do que fotos da minha filha
Tentava sempre imaginar-me no local
Sentir o ambiente e a envolvente
Respirar o spot.
Admiti vários conceitos.
Adaptava na minha mente os conceitos aos espaços.
Mas foi-me ficando claro que queria um espaço amplo.
200 metros quadrados.
Só que 200m2 ficavam caros.
Em média os espaços que gostava rondavam os 2000€/m2
Era fácil de fazer contas.
Um bom espaço num sitio interessante podia chegar aos 400K
Dinheiro que não tínhamos.
O mobiliário é como a estratégia de uma empresa
Tens que ser criativo
Deves evitar o oceano vermelho
E encontrar o teu oceano azul
É aí que te tornas mais perspicaz
Porque somos mais perspicazes quando temos menos dinheiro
Aquela necessidade que te aguça o engenho
Tens de advinhar o futuro
Perceber um lugar que ainda não o sendo, irá ser interessante.
Muito interessante
Para isso tens de te dedicar focadamente
Analisar os PDM’s
Perceber os projectos municipais já adjudicados
Quais as novas acessibilidades a serem pensadas
As novas infraestruturas que irão sair do papel
Os empreendimentos habitacionais que ganharão vida
Entre outros
Uma das coisas que ajuda, é estudar como é que certas cidades cresceram em tempos.
Pensar como é que a cidade de Boston cresceu na década de 70
Ou por onde é que Madrid cresceu na década de 90
E depois tentas perceber o gap
E fazer conexões.
Tentas imaginar em Realidade aumentada.
A escolha final recaiu sobre um espaço numa zona da cidade negligenciada.
Pelo menos negligenciada até então.
Mas com incríveis acessibilidades a serem construídas.
E com infraestruturas a serem criadas
Com empreendimentos habitacionais a ganharem vida á volta.
Estamos na Upper East Side da cidade
A construir o futuro
E a abrir uma nova zona.
E o preço por m2 não custou nem 2000€
Nem 1500€
Custou 350€/m2
E é por isso nosso.
Compramos uma tela em branco, tal como queríamos.
E fizemos dela o que somos hoje.
Um espaço incrível
Onde nos sentimos muito bem.
O imobiliário também é isto.
Paixão numa procura incessante.
Nunca te entregares á primeira.
E acreditares que vais conseguir.

momento de ARTE
O vento está cansado de caminhos soltos; transviados.
O corpo viciado esquece-se com ligeireza de repetir saudades.
A mão estremece de mente sozinha;
o rosto quebra de tempo esquecido;
os dedos repetem rituais sagrados;
e o vento.
Os olhos apagam-se com tanta luz
os braços fraquejam de leviandade.
Saudades.
Crio no largo mastros sem velas,
sinto no barco vazios profundos
(que nem o vento pode levar)
Queria lembrar-me do tempo fingido do vento perdido
esse tal que se esquece de gostar de caminhos soltos.
Longe.
Saudades que se envolvem com tristezas.
Quadros inócuos de descanso passado.
Camas partilhadas como que pela primeira vez,
e a sensação de por vezes continuar sozinho.
E as horas levadas por areias estranhas de ponteiros castanhos virados a sul.
(2009)

Aquele som da semana
Um registo diferente, mas que me acompanhou durante grande parte da semana.
“Apesar de querer”
Rodrigo Alarcon.
termina aqui a OUT desta semana.
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Um abraço.
see you.